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Apresentação

 

Seu Luiz, 80 anos, sertanejo, tem inúmeras histórias de vida para contar, mas tem poucas fotografias. Umas três, na verdade. Apenas as que estão nos documentos. Portanto, quando já era adulto. Com uma memória prodigiosa, descreve em detalhes amores e dores da sua vida e nenhuma dessas recordações está registrada em papel. Mas as que existem são usadas para lembrar o passado. Para ele, é para isso que as fotos existem. Ou, pelo menos, era. Há cerca de três meses comprou um smartphone parcelado em seis vezes. Entre uma dica e outra, uma tentativa e outra, aprendeu a usar a câmera. Tira foto de tudo. Mas o que impressiona é que o aparelho tão novo travou porque a galeria está abarrotada de selfies. Não foram tiradas para compartilhar. O aparelho de Seu Luiz não tem internet. Ele desconhece a existência das redes sociais, ao contrário de sua neta de 12 anos. Gabriela tira fotos pensando em compartilhar. É para isto que a foto é tirada, ela diz.

Afinal, para que fotografamos? Fotografar é mesmo necessário? Fotografo, logo existo?

O I Encontro de Fotografia do Território do Sisal, a realizar-se nos dias 27 e 28 de agosto de 2019, aceitou o desafio de refletir sobre o retrato da nossa era, em que redes sociais de compartilhamento de fotos reivindicaram para si a arte de articular monólogos e, assim, vão instituindo novas formas de viver na controversa pós-modernidade. Mas também, ao mesmo tempo, o evento refletirá sobre o papel central da visão e expressão na fotografia, seus usos, seus processos...

 

Para tanto, o evento, organizado pelo grupo de pesquisa e extensão Imersões Fotográficas, reunirá em dois dias profissionais da fotografia, professores e estudantes da UNEB e da rede pública de educação e interessados em fotografia de forma geral, participando de palestra, mostra fotográfica coletiva, minicursos, oficinas, mesa-redonda e apresentação de trabalhos.

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